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Bandeiras do arco-íris

ARTE E DIVERSIDADE

Pessoas Trans na Cena Musical: quem está nas nossas playlist?

Dia 29 de janeiro é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans, data que busca voltar a atenção às reivindicações da população formada por pessoas trans e travestis do Brasil. Porém, em um país que marginaliza essa comunidade, e que coloca essas vidas em situação de extrema vulnerabilidade social, a importância de debater essas urgências e de dar espaços a essas pessoas não deve se conter apenas a essa data.

Além disso, nunca se falou tanto de visibilidade e da sua importância para a representatividade, apesar do termo gerar debates e contradições.

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Ezequiel Bernardes

Ezequiel Bernardes, também chamado de Zéq, [@akazeq], é ilustrador, articulador voluntário na Biblioteca Comunitária Papoco de ideias, graduando em Teatro pela UFC e apaixonado por música pop.

  Linn da Quebrada, artista que alcançou grande espaço na mídia após sua participação no Big Brother Brasil em 2022 afirmou que: “A representatividade tem suas bênçãos e maldições".

  Essa afirmação explicita a relação que há entre pautas sociais legítimas e o sistema neoliberal que desumaniza e transforma narrativas e demandas reais, de populações excluídas socialmente, em produto. Dando assim, continuidade a esse sistema segregatório, garantindo espaços limitados e reduzidos a esse público para transmitir uma aparência inclusiva e abrangente. Ou seja, partindo da exclusão para vender uma imagem inclusiva.

  Apesar das "maldições" e armadilhas do mercado, a representatividade é importante para que o imaginário social seja movimentado como forma de combater preconceitos históricos. Inegavelmente, a presença de Linn em um programa recordista de audiência como o BBB foi de grande importância e mobilizou, nas redes sociais, na televisão e também dentro da casa de inúmeros brasileiros, debates a respeito de diversos temas como: identidade de gênero, sexualidade e discriminação racial. Outro poder que a representatividade possui, tendo em vista o impacto que os meios midiáticos têm para o processo de formação de cultura, é o de gerar INSPIRAÇÃO. Afinal, como se imaginar capaz de alcançar algum feito se não vemos ninguém parecido alcançando? Por que é mais fácil para algumas pessoas acharem-se capazes de chegar em determinados lugares do que para outras?

  Nessa lógica, para mim, como jovem artista LGBTQIA+, a presença de referenciais que tivessem narrativas parecidas com as minhas, na mídia e na arte, foi um fator decisivo para o modo que lido e lidei, na pré adolescência, com as questões acerca da minha identidade. Ter encontrado diversos artistas queer, principalmente na música, era o que me inspirava e ajudava com meus processos, principalmente de auto estima. Todavia, quando olhamos para o topo das músicas mais tocadas em rádios e plataformas de stream percebemos que essas pessoas seguem em uma posição de subalternidade, sem o devido reconhecimento e espaço, especialmente artistas musicais transgêneros.

  Pessoas trans sempre foram ativas na música e são pioneiras em diversos gêneros ao longo da história. Porém, através dos tempos, movimentos motivados por ondas de ódio e preconceito foram responsáveis pelo silenciamento e por um apagamento histórico do impacto dessa comunidade na arte e na cultura. Por isso, é importante repensar o que consumimos e de que formas estamos contribuindo com a lógica excludente da sociedade em relação aos corpos trans. Refletindo sobre isso, minhas perspectivas como jovem LGBTQIA+ e aprendiz de arte e de vida mudaram completamente quando comecei a buscar e adicionar referências que iam contra à cis heteronormatividade ao meu cotidiano e isso começou pelas playlists que me acompanham em quase todos os momentos.

Assim sendo, buscando dar mais visibilidade às vozes e mentes brilhantes que não têm o devido reconhecimento, aqui estão algumas artistas trans que merecem ser divulgadas, acompanhadas e ouvidas para que possamos modificar nossas playlists e torná-las mais diversas e inclusivas:

A partir do que foi apresentado, refletindo sobre o nosso papel contra a discriminação e sobre as perspectivas de pessoas trans e travestis no nosso país, espero que essas artistas te toquem de alguma forma e que, a partir da música, possamos começar a mudar os algoritmos limitadores que nos cercam e nos impedem de ver e promover novas possibilidades de criação de arte e de mundo.

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