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ESCRITA LIVRE

Maya e a Janela: o que será que ela ver nela?

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Leonardo Costa

Leonardo Costa [@leonardo.costa_arte] Ator-bonequeiro. Graduado em filosofia pela UFC. Poeta desde a tenra idade. Artista multifacetado de produções culturais que acabou juntando muita arte com a Nayara pra produzir a Maya e dar outra cor pra esse mundo. Um milagre a cada dia... e, todo dia uma novidade.

  E já fazem 8 meses que ela nasceu e veio desbancar meu mundinho concebido e estabelecido de manias e conceitos. Antes disso...

  Notícia: Em meados de junho de 2021 que recebi a notícia, com 5 confirmações farmacológicas e 1 laboratorial, que não estava mais só pra canto algum que eu fosse. E, ainda de quebra, 2 vesículas que se formaram espontaneamente dentro daquele vazio na tela do ultrassom.

 A Grande Ficha Sempre Cai: Foi um processo de aceitação... “A Grande Ficha” que caia toda vez que lembrava ou era lembrado de que tudo havia mudado e era um frio na barriga. Um misto de gostoso e medo de um futuro tão alterado mas jamais negado. Amei-as desde o dia que as vi pela primeira vez na tela do exame. E toda vez que via, filmava. Documentava. Amava tudo que estava fazendo e participando ali. 

  Primeiro Trimestre: Na função que me pus, espectador vívido e virgem, amando cada pedacinho de momento. Tão inocente e iniciante quanto me fosse possível. Ainda mais em dobro. O medo e um tom de desespero só perdiam pra felicidade que envolvia tudo. Quase uma euforia que me tomava e me movia todo dia.Espectador assíduo e esperançoso.

  Definições: Decidido pelo universo que seriam duas meninas que estavam ali dentro do forninho biológico produzindo gente com a junção de uma gama de material genético. Duas alminhas que aceitaram essa tarefa de progredir e ensinar. Aprender e viver conosco. E eu ali, ansioso por tudo e esperançoso por cada aula prática, enquanto ganhava volume.

 Segundo Trimestre: Movimentos. Muitos movimentos ali dentro do aquário. Quando recebi o primeiro chute ao encostar o rosto na barriga,muita emoção se esvaiu por mim. Vertendo, como agora ao lembrar, lágrimas o suficiente para encher copinhos e mais copinhos. Só emoções sobre tudo que se seguiu. Ali, quem me acertava com carinho, talvez pelo incômodo que causei no espaço ainda não tão apertado, foi Malu. O nome foi em homenagem a uma amiga querida que viria a ser madrinha da mesma. Tudo definido. Do outro lado do ventre estava Maya. Ambas crescendo, cada uma à sua maneira.

Continua...

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