FICA ZEN
Faça Amizade Com Sua Mente
A mente é a nossa companhia por toda a vida. Moramos em lugares diferentes, conhecemos inúmeras pessoas, namoramos, casamos, separamos, trabalhamos com elas. Algumas companhias, nós gostamos mais, temos apego; outras menos, temos aversão; outras não enxergamos, somos indiferentes. Os melhores amigos da infância talvez não estejam mais tão presentes em nossas vidas. Os amigos do colégio, da faculdade também vão se afastar depois de um tempo, pelo próprio fluxo da vida que nos junta e separa naturalmente.
Igor de Souza
Igor de Souza [@igordesouzayoga] Instrutor de Yoga e Facilitador de Meditação. Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Contudo, a mente sempre esteve lá, como um sexto sentido, interpretando cada momento, guardando memórias, editando o passado, planejando o futuro, sofrendo e se alegrando com você. Nos momentos mais solitários e difíceis ela estava lá com você, e nos momentos mais maravilhosos também.
Até a morte, essa relação vai nos acompanhar. E talvez você tenha notado que ela não para quieta. Não se acalma por um segundo. E além do mais, nos arrasta de um lado para o outro. "Eu quero isso, não quero aquilo, gosto disso, não gosto daquilo". Além disso, acreditamos em tudo o que ela nos diz. Cada julgamento, opinião, crítica (e ela tem opinião sobre tudo).
Provavelmente vai ser desafiador ficar presente. Isso é normal. Quando perceber que se perdeu, não precisa fazer nada. No momento que perceber, apenas retorne para o presente e descanse nesse estado de consciência. Fique mais um tempo aqui.
É isso. Essa é uma prática simples, mas pode ser difícil no começo, porém com o tempo fica mais fácil. Ao longo do dia experimente entrar nesse estado de consciência plena aberta. Solte as atividades. Descanse um pouco. Várias vezes ao longo do dia por um minuto, trinta segundos, não importa. Apenas faça amizade com sua mente.
Porém, não temos a opção de terminar essa relação. A saída que nos resta é fazer amizade da forma mais genuína possível. Ser capaz de conviver com ela nos momentos mais divertidos e nos momentos mais tristes, mais agitados ou depressivos. Isso virá com a prática.
Se a nossa mente fosse uma pessoa, é provável que não gostaríamos de conviver com ela por muito tempo.
Aceitando-a completamente como ela é, como ela se manifesta. Acolhendo-a. Estando presente, sem apego, aversão ou indiferença. Amizade incondicional. Relação saudável.
Uma prática simples que pode ser feita a qualquer momento chama-se Consciência Plena Aberta, ensinada por Mingyur Rinpoche e por vários professores de meditação. Esse é um estado de receptividade relaxada e sem esforço. É mais um estado de ser do que fazer. Quando descansamos com a consciência plena aberta, não estamos perdidos ou distraídos. Estamos plenamente conscientes e presentes, mas sem direcionar a atenção a algo em particular. Não tentamos controlar pensamentos ou sentimentos. Só estamos conscientes. Mingyur Rinpoche resume a prática assim: "Não medite e não se perca."
A prática é estar consciente sem direcionar a atenção a algum objeto nem controlar sua experiência. Agora, se você percebe que está consciente, é isso. Não há nada mais a fazer. Pelo próximo minuto, solte qualquer controle e apenas esteja presente. Se sua atenção se mover, deixe. Se pensamentos passarem, deixe que eles se movam livremente.
Respire fundo três vezes e solte o ar devagar, relaxando o corpo inteiro. Deixe que a respiração volte ao normal e observe sua postura. Deixe a coluna ereta e os músculos do corpo relaxados .